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[Resenha] Vampiro de Schopenhauer - J. Modesto

     "Vampiro de Schopenhauer"; autor: J. Modesto; editora: Livrus; 154 páginas.
     Arthur Schopenhauer é um filósofo alemão do século XIX e foi a inspiração do autor para escrever essa ficção. O personagem é real, mas a narrativa é totalmente fictícia. O autor se baseou nesse homem por quem tem tanta admiração, para aplicar alguns toques do sobrenatural e trazer-nos um história brilhante envolta em grandes doses de filosofia.
     Os ideais do filósofo permanecem fiéis na narrativa de J. Modesto, principalmente o seu pessimismo com relação a vida, que é um dos temas que são inicialmente discutidos no início do livro, no primeiro encontro dele com o francês Jean Chauvigny

     Chauvigny, como podem imaginar, é o vampiro. E compartilhando do mesmo desprezo pela sociedade, os dois começam uma amizade. Ainda no primeiro encontro deles que ocorre ao acaso, os dois discutem sobre a vida e a morte, o que gera uma série de belas citações e reflexões parafraseadas por grandes filósofos, como Aristóteles.
"Novamente, sua teoria sobre os homens aflorou. Pensar em si próprio era algo inerente ao ser humano."

"A vida não existe para ser aproveitada, mas para ser suportada e despachada. A vida é breve, meu caro, mas os infortúnios a fazem parecer longa."
     Em uma das constantes discussões, surge o assunto "imortalidade". Mas Schopenhauer, firme em suas convicções, deixa claro ao recente amigo que existem diferentes modos de se analisar a imortalidade. Mas a propriamente dica, que torna uma pessoa viva para sempre, essa era indiscutivelmente impossível. Mas o francês o contrapõe.
"A imortalidade do corpo é tão real quanto a da alma e isso eu posso provar."
     O vampiro, sentindo-se próximo ao filósofo, resolve confessar-lhe quem ele é e ainda oferece um presente: a imortalidade da qual ele desfruta. Mas demonstrando a afeição, ele deixa que Arthur faça essa escolha, dando a ele tempo para tomar sua decisão. Estando Arthur no auge da sua fama e com problemas de saúde, a imortalidade parece ser algo bem tentador. Por outro lado, aceitar isso seria abrir mão de tudo que ele acredita.
   Mas enquanto ele decide, Chauvigny precisa preparar o mundo para o que o seu amigo terá de enfrentar: caçadores obstinados, que estão prontos para atacar Arthur, ele sendo vampiro ou não.
"-Vocês se alimentam de sangue humano. 
-E o que tem isso de anormal? Certamente, uma vaca deve pensar da mesma forma em relação aos humanos que a utilizam como alimento. Você realmente acredita que são tão superiores às outras criaturas que não existiria um predador natural aos de sua espécie?"
     O livro tem suas cenas bem detalhadas, o que facilita a visualização da cena, já que tudo acontece no século XIX, quando Arthur Schopenhauer viveu.
     Uma das coisas que me agradou bastante foi o fato de o livro, apesar de tratar do tema da filosofia, não ser carregado nessas teorias. Dessa forma, mesmo um leigo nessa área como eu, pode entender e, acima de tudo, apreciar a leitura. Refleti com os personagens em vários pensamentos que expuseram e me apeguei ao vampiro de uma forma que jamais tinha me apegado antes.
     Acontece que eu sou louca/apaixonada por vampiros. De todas os tipos! Mas eu só estava habituada aos vampiros melosos ou aos vampiros sanguinários, jamais ao vampiro que honra suas raízes, se alimentando de sangue humano (e que ainda explica brilhantemente que isso faz parte da cadeia alimentar), e que mesmo assim, consegue ter um apreço por algum ser humano, por compartilhar de ideais. Me encantei com esse vampiro!
     O livro é curtinho e deixa um final em aberto para que os leitores tirem suas próprias conclusões. Ou talvez seja uma brecha para uma continuação. Quem sabe? Eu bem que adoraria!

Sobre o autor:

Foto -J. Modesto

O autor J. Modesto nasceu em 1966, na cidade de São Paulo. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Belas Artes, resolveu transportar para as letras a estética cinza das selvas de pedra. Desde criança, J. Modesto tem demonstrado profundo interesse por fenômenos sobrenaturais. Na literatura, o seu fascínio vem dos gêneros terror e suspense. Entre suas influências estão H. P. Lovecraft, Bram Stoker, Stephen King, Anne Rice, Mary Shelley, Edgar Allan Poe e André Vianco. Fã ardoroso de histórias em quadrinhos e literatura fantástica,




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