Você sofreu ou sofre algum tipo de bullying no colégio por não ter os padrões de beleza ou até mesmo de inteligência imposto pela sociedade? É muito raro um adolescente que tenha passado por essa fase e não tenha sofrido com algo do tipo no colégio. Falo por experiência própria mesmo, foi um período da minha vida que não gosto nem de lembrar. Mas, como sempre, essa fase passa e resta apenas memórias. Mesmo que demore, sempre passa.
E esse livro pode servir como um exemplo para você que está passando por isso. Não existe um manual para sobreviver à escola sem sofrer, ainda não, mas existem formas de lidar com essa situação. Ás vezes ter uma base de alguém que conseguiu vencer isso possa ser um modelo. Bem, como podem perceber, é sobre esse tema que o livro se desenvolve: O bullying.
Tetê é uma jovem que sempre precisou lidar com isso. Para começar, ela tem um nome bem diferente com o qual já sofreu muita chacota (Teanira). Ela recebeu também diversos apelidos maldosos, inclusive “Tetê do Cecê” que já insinuava que ela cheirava mal. Além disso, sua aparência era outro motivo de piadinhas. Ela não atende os padrões de peso e sua pele não era bem tratada, sendo o “patinho feio” da escola.
Por causa de problemas familiares, Tetê e seus pais tiveram de se mudar para a casa dos avôs. Há quilômetros de distância do antigo endereço, ela precisou mudar também de escola e isso a fez ter esperança de que sua vida mudaria para melhor logo de cara, já que ninguém ali a conhecia e sabia de seu passado traumático. Mas a verdade é que os adolescentes são maldosos em qualquer lugar. De início foi legal, ela conseguiu fazer bons amigos e a se adaptar com o local, mas logo vieram os problemas: as garotas populares que oprimem quem estiver no caminho. E essas prometiam fazer da vida de Tetê um terror talvez pior do que já sofreu anteriormente.
Nós sempre cometemos o erro de separar o bullying em dois grupos: os que sofrem e os que praticam. Mas a verdade é que, muitas vezes, quem pratica é porque também sofre e o ataque às outras pessoas é uma forma de se proteger. E isso é outro ponto que também é trabalhado na narrativa, o fato de que o opressor também pode ser o oprimido.
"A gente costuma pôr a culpa das coisas nos outros e em geral espera que os outros mudem, que o mundo mude, mas a verdade que eu descobri é que nada muda. Mas se a gente der um passo, um passinho que seja em direção a fazer algo diferente pela gente mesma e modificar quem a gente é, plim! A mágica acontece e tudo muda ao nosso redor!"É como se realmente estivéssemos lendo o diário de Tetê. A linguagem é exatamente de uma adolescente, com gírias e expressões do cotidiano dos jovens. Além de uma narrativa extremamente engraçada e cativante. Para os jovens, é possível que consigam até se identificar com o universo.
"Gente, que tipo de droga a Conceição deu pra você tomar? Sinceritril? Simancotril? Fichacaiu?".E além de toda a narrativa divertida, também tem uma parte deliciosa. O livro contém diversas receitas compartilhadas pela protagonista, já que ela tem grande paixão pela culinária. Achei isso muito divertido. É como se você adquirisse um livro de literatura e ganhasse um livro de receitas embutido! Eu aproveitei e testei a primeira receita, você confere o resultado no outro post, clicando aqui.
"Cozinhar é uma coisa que eu posso fazer sozinha, sem ninguém me julgando, e ainda tem a vantagem de poder comer o resultado depois. Então é tipo meu hobbie, meu passatempo".Por fim, quero dizer que foi uma leitura muito gostosa de realizar. Pela escrita cativante e simples, nós ficamos presos nas descrições e é difícil largar. Mas o que merece ainda mais destaque é o tema: bullying. O livro trata do assunto com muita delicadeza e responsabilidade. E a forma como os personagens lidam com essa situação é algo bem corriqueiro na rotina de muitos jovens e adorei a forma brilhante em que solucionaram o problema. Eu recomendo muito esse livro. Não só para os jovens, mas para os pais também! Bullying não é frescura e, assim como a Tetê, o apoio da família e dos amigos e fundamental para conseguir enfrentar essas dificuldades.
"Mas acho que a minha história pode ajudar muita gente por aí. Porque no fundo todo mundo se sente um pouco excluído e mal-amado, todo mundo tem seu drama. Seus dramas. A gente não está na pele do outro pra sentir [...] E com meu livro eu posso mostrar que quando a gente não se entrega e não se abate com o bullying, dá pra viver tranquilamente, é só entender que é só uma fase. Que passa. Pode até demorar, mas passa. Tudo passa."
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