[Resenha] O céu está em todo lugar - Jandy Nelson

“O céu está em todo lugar”; autor: Jandy Nelson; editora: Novo Conceito; 423 páginas.

Uma irmã morta, uma mãe fugida, uma avó melancólica, um tio maconheiro e um cunhado perigosamente atrativo... Esse é o cenário da vida de Lennie Walker. Uma bagunça tremenda depois que sua irmã Bailey morreu.

Elas eram muito apegadas uma a outra e juntas conseguiam superar todas as adversidades, incluindo o fato da mãe delas ter ido embora de uma hora para outra sem nunca mais voltar. A avô sempre diz que a mãe das garotas tinha um espírito livre, mas que voltaria algum dia. Elas não sabiam se isso realmente ia acontecer, mas juntos podiam criar uma imagem da mãe e sentirem-se mais próximas.

Quando Bailey morreu, ela deixou também um namorado, Toby, e a dor dele se parecia muito com a de Lennie e foi isso que os aproximou. Só Lennie e Toby eram íntimos o suficiente de Bailey para compartilharem essa perda. Mas essa união logo se misturou com um misto de atração. Claro que Lennie via isso como uma traição a memória de sua irmã, mas era difícil de evitar.

“Tentávamos nos esquecer dela, apagar sua lembrança em um momento de paixão? Mas não, não é isso, não pode ser, pode? Quando estamos juntos, Bailey está por perto como o ar que respiramos; esse tem sido o consolo até hoje, até começar a fugir totalmente ao controle”.

Apesar de toda essa euforia ao ver Toby, nada se compara ao sentimento de amor ao ver Joe. Um garoto alegre, que compartilha com ela a paixão pela música. Ambos são conectados por um clarinete e logo depois unem seus corações. Apesar de ser o garoto perfeito, Lennie não sabe como se livrar dessa coisa estranha que tem com Toby, mesmo sabendo que pode colocar em risco perder o amor de sua vida.

Enquanto encara esse problema amoroso, ela também enfrenta todos os dias a dor pela falta de sua irmã. O lindo relacionamento que elas possuíam não poderia se perder tão facilmente e Lennie quer manter vivo o máximo possível de Bailey. Para isso, ela escreve cartas, bilhetes, escreve em árvores, copos... e espalha esses pensamentos pelos locais que frequenta. Talvez para que o vento possa levar essas lembranças até sua irmã, ou talvez para que sua história fosse lembrada.

O fato é que todos esses seus pensamentos foram peças fundamentais para a escrita de seu futuro. Foram sua salvação. Quem sabe foi uma obra de sua irmã que ainda olha por ela lá do céu? Afinal, o céu está em todo lugar, consegue ver tudo e saber de tudo.

A história é comovente e conquista pela sensibilidade e o apelo a dor da perda de uma pessoa querida. Entretanto, me incomodou o fato do livro não se aprofundar em alguns assuntos que ficaram com pontas soltas, como o fato da mãe desaparecida e de como foi a morte da jovem. Acredito que ambos assuntos seriam fundamentais serem esclarecidos para dar um desfecho mais satisfatório. Mesmo assim, não tiro o mérito da história e de sua capacidade de emocionar. O desfecho ficou lindo, romântico como toda boa história deve ser, tirando suspiros e, talvez, algumas lágrimas.

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