Lançamento: 2017
Páginas: 168
Editora: Nós
Eu costumo pensar que existem livros que chegam até nós exatamente no momento certo. O peso do pássaro morto foi esse tipo de livro. Eu já tinha ouvido várias pessoas falarem o quão maravilhoso ele era, mas ao finalizar a leitura eu fiquei com a sensação que nem que eu tentasse, seria possível transformar em palavras o que eu senti durante a leitura. Mas vou tentar.
Esse é o primeiro livro da escritora Ana Bei. A paulistana narra sua história em forma de prosa poética em primeira pessoa. No livro podemos acompanhar a vida de uma personagem dos oito aos 52 anos. O livro é dividido em nove capítulos, cada um com a narradora com oito, 17, 18, 28, 37, 48, 49, 50 e 52 anos.
“a pena é crescer e querer entender tanto”.
Apesar de parecer se tratar de um livro simples, ele carrega muito significado e sua história nos possibilita infinitas reflexões sobre nossa própria vida, sobre nossa existência e para onde estamos indo em nossos caminhos.
A maneira doce como à obra se inicia, onde a personagem é uma criança, até nos faz pensar que se trata de uma leitura leve, mas o que eu particularmente achei mais fantástico, foi poder acompanhar a evolução dessa personagem, poder acompanhar suas dores, seus amores, suas perdas. É um livro principalmente sobre perdas e não apenas de pessoa mais de sentimentos, sensações.
“porque no tempo da minha memória somos pra sempre. não existe morrer dentro, é como uma canção. as canções não morrem nunca porque elas moram dentro das pessoas que gostam delas”.
É lindo ver como apesar das dificuldades, das dores, a narradora sempre tenta encontrar um fio de esperança para seguir em frente com sua história. É um livro que deveria ser obrigatório para todos, pois sua força é espetacular e contrasta de maneira perfeita suas palavras fortes, severas, com trechos poéticos que aquecem o coração e nos fazem transbordar de amor pela personagem.
“e meus pais estavam timidamente alegres no amor deles de anos, era bonito ser sexta-feira e estar casado, espero que um dia faça sexta no meu amor”.
É um livro que aborda temas como a infância e a adolescência e os impactos que esses períodos podem ter pelo resto de nossas vidas. Abordam também abusos, traumas, perdas, saúde emocional e a maternidade que é tratada com destaque na fase adulta da narradora.
“As mulheres abusadas nas trincheiras e nos viadutos não estão nos livros de história”.
Eu finalizei a leitura em horas. Não apenas pelo número relativamente curto de páginas, mas principalmente pela fluidez do livro e como ele me prendeu desde as primeiras palavras. O peso do pássaro morto já figura como um dos meus livros favoritos pela maneira arrebatadora pela qual ele transbordou meus sentimentos e isso se refletiu em lágrimas no final da leitura. E uma sensação que não passa, mesmo após o termino do livro, uma sensação que não consigo explicar e talvez você me entenda após mergulhar nessa leitura espetacular.
“não ver alguém nunca mais por questões sentimentais doía menos do que não ver alguém nunca mais porque a pessoa deixou de existir”.
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