“O curioso. Dizem que ele coleciona histórias estranhas. E se você ouvir o assobio dele, sabe que alguma coisa arrepiante vai se revelar.”
É com essa frase que cada episódio da série “Dário de horrores”, Creeped Out, no título original, é iniciada. Mostrando sempre na cena de introdução uma figura misteriosa usando uma máscara e assoviando.
A série lançada em 2017 pela CBBC tem sua história contada de forma antológica, com cada episódio único. Sua forma de narrativa e até mesmo algumas das temáticas apresentadas, lembra a famosa série Black Mirror, trabalhando o medo futurístico do avanço da tecnologia.
Apesar do título conter a palavra “horrores”, a série não se classifica como “horror”. As histórias podem até impressionar, mas o suspense é o maior foco, evitando assim cenas fortes. Todo o terror é psicológico (não estou dizendo que esse é menos assustador). Dessa forma, pessoas facilmente impressionáveis, não precisam se preocupar. A classificação é de 10 anos.
Atualmente ela tem suas duas temporadas disponíveis na Netflix, totalizando o número de 18 episódios, cada um com duração de aproximadamente 25 minutos.
O primeiro episódio já desperta atenção pelo tema tão atual: a dependência dos aparelhos celulares, principalmente pelos adolescentes. Uma jovem ganha de seu celular o incrível dom de ser popular, mas toda alegria some quando ela descobre que o aparelho tem vontades próprias.
O tema se repete na segunda temporada, no episódio 6 em que a protagonista é viciada em tirar selfies e ao encontrar o aplicativo que promete tirar a selfie perfeita, ela entrega mais do que seus dados no contrato que ela aceita sem ler.
Além do medo cibernético, vários outros contos apresentados possuem o objetivo de surpreender o mesmo público alvo: os jovens. Problemas com a família, autoestima e “má-criação”, são os principais assuntos abordados nos episódios que compõem a trama. Ao final de cada um, é possível encontrar uma reflexão. Não só com o desfecho sempre impactante, como também pelas últimas palavras narradas sempre ao finalizar cada episódio.
O episódio 6 da segunda temporada foi o que mais me atraiu. Uma casa totalmente tecnológica cria vida própria ao ser anunciado que uma atualização iria acontecer. Apegada com a família e incomodada com os irmãos sempre brigando, ela resolve dar uma lição neles antes de deixar existir. Mas isso se ela deixar de existir, porque assim que ganha vida, ela não quer mais desistir. Um episódio que mostra a importância da família acima de tudo e que brinca com o medo tecnológico mais uma vez.
Diário de Horrores é como as histórias que os pais contam para assustar os filhos e impedi-los de fazer alguma coisa errada. Sem precisar de muito efeito visual, ela impressiona apenas pela história bem escrita e tão contemporânea. Dando vida a todos os monstros das lendas urbanas, ela apresenta: o curioso. O ser misterioso que está presente em todos os lugares e faz as coisas mais bizarras por curiosidade e, talvez, por diversão.
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